Conhecida pelo preço elevado da prestação de serviços, Brasília abriga algumas famílias que contam com menos de um salário-mínimo para garantir a sobrevivência. Em contrapartida, outras residências usufruem de 20 salários-mínimos. Ou muito mais que isso.
Segundo a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), a Estrutural é a cidade em estado mais crítico. E 18,3% das famílias do local contam com apenas um salário-mínimo para sustentar toda a família. Já no Lago Sul, o cenário é inverso: não há famílias que vivem apenas com um salário-mínimo.
Além de campeã no quesito desigualdade, Brasília segue na contramão das demais unidades da Federação. É o que explica o presidente da Codeplan, Júlio Miragaya: “Todas as unidades da Federação tiveram queda na desigualdade, menos Brasília. Numa escala de 0 a 1 (quanto mais próximo de 1, maior é a concentração de renda), o índice brasiliense é de 0.63. Enquanto a média nacional é de 0.52”, fala.
O setor público é um dos responsáveis pela concentração da renda e aumento da desigualdade. “O setor público em Brasília tem grande peso. O setor privado paga salários baixos e o que prevalece são os serviços destinados às pessoas que exigem qualificação menor. O setor público é melhor empregador”, diz.
Salários
A disparidade dos salários é expressiva. “O salário do setor público é quatro vezes maior que o do privado. A média dos cargos públicos costuma pagar R$ 5.550. Na área privada, a média é de R$ 1.250.”
A falta de incentivo à atividade industrial do DF é um agravante. O setor industrial é o que mais remunera e poderia remunerar mais o trabalho no setor privado. Brasília está num patamar inferior, se comparada a outras cidades.
Para combater o alarmante quadro de desigualdade, Júlio sugere mudança na estrutura produtiva do DF. “Quando se aumenta a oferta de emprego em atividades que exijam maior qualificação, isso muda”, explica. Segundo ele, é essencial diversificar a estrutura produtiva.
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